terça-feira, 10 de junho de 2008

Latim: Mas que raio de disciplina!

Geralmente, no fim do almoço, vou até ao "tasco" para tomar um café e ler o jornal. É sempre bom saber o que se passar por aí.
Ora hoje, quando estava a ler o JN deparei-me com um pequeno artigo, no fundo de uma coluna:

"Ensino
Aulas de Latim caem em desuso
Os alunos a aprender Latim diminuíram 80% nos últimos dois anos lectivos, o que leva especialistas a temer desaparecimento de uma disciplina que dizem facilitar a aprendizagem de outras línguas. Este ano, estão inscritos no exame final de latim 313 alunos, contra 1651 de há dois anos. E só 4% das escolas secundárias têm a disciplina."

Este facto deixa-me realmente preocupado: como se pode aprender devidamente português (ou outra língua latina) sem se conhecer o mínimo das bases das suas origens?
Eu sou um sortudo, ainda fui um dos 1651. É verdade, eu tive Latim e não imaginam o jeito que me tem dado. Graças a essa disciplina que está a cair em desuso consegui "safar-me" bastante bem em Linguística Descritiva, cadeira que tanto assombra grande parte dos alunos do meu curso, Línguas Aplicadas. É graças ao Latim que tenho uma maior facilidade para estudar espanhol e francês e assimilar as declinações em russo. Mas, ainda mais importante, é graças a esta língua morta que estruturei boas bases gramaticais e léxicas relativamente à minha língua materna.
Imaginem que agora a nos seminários o latim está a ser esquecido: a minha turma foi a última a beneficiar desta disciplina, as turmas que vieram posteriormente conseguiram-se "livrar".
E quando saí do seminário, foi o cabo dos trabalhos para arranjar uma escola onde pudesse concluir o 12º ano com latim. Acabei por ficar cá na secundária de Joane, mas éramos apenas três alunos. Fantástico, hein?
Talvez o motivo de o ensino do Latim estar a cair em desuso se deva ao facto de esta disciplina não estar na moda....Talvez se alguém se lembrasse de a publicitar numa determinada série televisiva tão "aliciante" para muitos jovens, o Latim poderia voltar a estar na moda...
Um agradecimento ao autor do artigo por recordar a gravidade da situação, uma informação útil e importante!


António Campos Soares

sábado, 17 de maio de 2008

Dura Praxis Sed Praxis!

Há poucos dias, fez um ano que deixei de ser caloiro. É verdade, eu passei por aquilo a que muita gente chama de humilhação. Fui "humilhado" forte e feio.
"Humilhação!?" Mas quem é que se lembra de rotular a praxe com este nome?
Cheguei à Universidade e logo vieram uns tipos de preto ter comigo perguntando: "O caloiro é de que curso?" Logo depois da minha resposta, pintaram a cara com a sigla do meu curso.
Dias depois, conheci os meus colegas de curso, aos pouco alguns desistiram, outros, infelizes, nem tão pouco arriscaram, mas todos temos o direito à escolha.
Enchi para "caralho" (peço desculpa pelo termo), gritei bem alto as famosas caralhadas do português, tive uma formação em ambiguidade da língua portuguesa, andei a "chafurdar" na lama, conheci grandes amigos, os meus doutores foram tipos excelentes com quem também aprendi muitas lições de vida: o conceito de amizade, união, solidariedade...Tudo o que passei, guardo bem cá dentro, são peripécias que, um dia, todos os praxados relembrarão, que todos os "humilhados" contarão aos herdeiros do seu legado.
Por tudo isto, eu não percebo o porquê de intitular a praxe como humilhação! Se me perguntassem se eu faria tudo de novo, eu não hesitaria em dizer "SIM!"
Confesso, ainda, com todo o orgulho que, nos momentos antes de passar em frente ao reitor, chorei! É verdade, aqueles momentos espectaculares tinham ali o seu fim! Agora, pouco me falta para praxar, desculpem, para "humilhar".
Algo que também não me posso esquecer: Um grande obrigado a todos os meus doutores, foram pessoas do "caralho"!
Espero conseguir praxar de forma a que sintam orgulho e honra por aquilo que vou fazer!
A praxe não é um "bicho", a praxe é uma integração, são os melhores tempos da universidade, é a compilação de histórias que todos irão recordar, é o orgulho de envergar um traje!
A praxe não mata, faz-te crescer!
Um Abraço,

António Campos Soares