quinta-feira, 30 de abril de 2009

Mãe

Mãe, mulher que vence o medo para amar, mas que não tem medo de morrer por amor...


Próximo dia 3 de Maio não esqueçam um abraço e um beijo, todas as mães o merecem!

António Campos Soares

segunda-feira, 13 de abril de 2009

Tenham pena e caridade, deixaide uma esmolinha!

Há certas coisas que nos dão pena, outras deixam-nos a pensar e outras que nos obominam...Que nos fazem querer escarrar e espezinhar determinadas bestas hediondas. Desculpem alguns vocábulos, mas não encontro sinónimos mais suaves.
Era dia de Páscoa e lá tive eu que ir à missa. Fiquei à porta de igreja para que, mal acabasse a missa, me pudesse esquivar porque estava a dar um filme porreiro na televisão! Mal acaba a missa e dou meia volta para ir para casa, deparo-me com algo abominável, hediondo, deprimente, miserável:
Um homem, com os seus 50 anos, sentado no chão, com a sua filha, de uns 16 anos, ao colo, dizia bem alto, "Tenham pena e caridade, deixaide uma esmolinha!"
A filha, podre criatura, tão sujinha, tinha metade do rosto queimado (creio que a queimadura se prolongava até metade da cabeça também, mas isso, não é o que importa). O homem exibia aquela marca da filha que estava ali deitada no seu colo. "Tenham pena e caridade, deixade uma esmolinha!"
O hediondo e miserável chegou quando vi que aquela besta de homem, sempre que a filha se mexia ou erguia a cabeça, a empurrava para baixo ou lhe dava um valente sopapo para que ela voltasse à posição de exibição. "Tenham pena e caridade, deixaide uma esmolinha!" e mais um sopapo na triste criatura.
O que é certo é que muita gente ingénua ou estúpida, certamente, lá ia dar uma esmolinha.
Fiquei uns valentes minutos a olhar a cena.
"Tenham pena e caridade, deixaide uma esmolinha!" e a sua mão enchia-se cada vez mais, creio que no fim, em vez de sopapos, ia dar murros na filha, pois, não me cheira que a besta abriria mão das esmolinhas, que não duvido que fossem para encher apenas a sua pança ou para mais umas canecas e quando chega a casa não há piedade nem caridade, pois, pelo que vi, pagarão a mulher e quantas filhas viverem naquele lar.
Fui-me embora, tentando não pensar mais naquilo, mas era inevitável...Aquela besta não merece nem pena nem caridade!

António Campos Soares

domingo, 12 de abril de 2009

Para pensar...

"Sem confiança, não conseguiríamos sair da cama de manhã, pois seríamos assaltados por um medo indeterminado."

Niklas Luhmann

sexta-feira, 10 de abril de 2009

Salva-me da demência, acolhendo-me em teus braços...

São 4h da manhã cá em Espanha (menos uma onde desejaria estar). É já a quarta hora que vejo passar no relógio, que me passa ao lado. Frustração por querer fechar os olhos e não adormecer profundamente, como já há muitos dias desejo. Vontade de rapidamente me entregar ao reino de Morfeu e encontrar o meu anjo num dos nossos sonhos, quão difícil suportar a dor de não o conseguir.
O meu estômago arde e consome-se. Há dias que sinto esta sensação…O meu espírito alheia-se a tudo, tirando a vontade de aproveitar os momentos dos sítios onde estou. Porque estou eu a deixar o tempo corroer-me? Porque estou eu a apodrecer, degenerando a minha mente, enquanto, aguardo a demência profunda, sentado num banco de jardim, em plena primavera? Luto contra a insanidade profunda, mas fraquejo. Não caminho, mas arrasto-me na direcção de algumas vozes que vou ouvindo. Trôpego caminhar, irei de novo alcançar as ruas da amargura, o boulevard da minha antiga fiel amiga boémia, que quase me putrificou? Contorço-me com as dores, são tão fortes…Tremo!
Engulo em seco, desejando algo que as minhas mãos não alcançam. Temo revelar toda a verdade: aceitarão tudo isso ou levar-me-ão a praça pública? Hoje já não é o tempo da fogueira, da tortura, da forca ou decapitação…Hoje é o tempo do desprezo, da renegação, do ignorar…Algo pior do que isso? Um ser ignorado, deixa de existir, por mais que fale, se pronuncie, está marcado o seu fim…Ou serei espezinhado pela minha dúvida e por elevar o ser humano a um estatuto superior?
Algo me desvia o olhar, me provoca náuseas, o meu estômago volta a contorcer-se….Queima! Caminhando lentamente, ouço correntes…Olho para trás, são as minhas correntes, correntes que não quero largar, correntes que o tempo torna correntes, mas, na verdade, são grandiosos sentimentos, que vividos no Agora, prevalecem e conduzem a um longo e valioso caminho a um mundo por nós edificado.
Meu anjo, abraça-me, acolhe-me em teus braços, protege-me sempre que puderes, cura-me, liberta-me deste horror que me sufoca, deste tenebroso cubículo que me impede de viver os meus sonhos…Sim, meu anjo, acolhe-me e embala-me em teus braços, onde poderei descansar profundamente e seguro, onde nada me perturba, meu porto seguro…
[*]
António Campos Soares

quinta-feira, 9 de abril de 2009

Tomai lá do Baixinho...=P


Olé...=P

Hoje, venho cá falar ao bando de pelintras!

Para os que dizem que sou baixinho;

Para os que dizem "Togui, põe-te a pé!";

Para os que me chamam Mini Doutor;

Para os que me chamam Doutor Portátil;

Para quem diz "Oh, ela é maior que tu";

Para quem pensa que as minhas calças lhes dariam uns bons calções;

Para quem me implora para não andar de joelhos;

Aqui vai uma foto muito especial,

Ah, pois, é mesmo à minha media (e tem mais de 1,5m)...Curvai-vos e ficai com uma marreca, ou sempre em frente e marcai a vossa testa! =P

Com toda a amizade,

Um grande abraço,



Do pelintra Togui

quarta-feira, 1 de abril de 2009

Mártir da Liberdade II


A multidão acercava-se,
De joelhos, sentia o cheiro da morte,
Fedia a podridão.
Insaciáveis os olhos da multidão,
Devoravam-me incessantemente.
Morte, morte, morte!
Gritavam de punho fechado.
Mães e filhos
Convertiam-se em ferozes demónios,
Aguardando a chuva das minhas gotas de sangue.
Os meus últimos minutos,
Acompanhados de náuseas,
Enquanto olhava o céu.
O carrasco acercou-se,
Acariciando o seu machado.
Pobre ofício,
"Os teus remorsos de demência,
Serão estigmas letais."
Não podia erguer as mãos,
Todas as minhas forças
Afluíam para a minha mente.
“Profere as tuas últimas palavras,
Herege!”

De olhos no céu, ri sarcasticamente,
Enquanto o reflexo do machado erguido,
Iluminava a multidão extasiada.
“Serei pior morto que caminhando entre vós,
Rudes bestas!”

Silêncio,
Eis o último som que me deleitou.


António Campos Soares (in Lascas de Uma Rocha)