Há poucos dias, fez um ano que deixei de ser caloiro. É verdade, eu passei por aquilo a que muita gente chama de humilhação. Fui "humilhado" forte e feio.
"Humilhação!?" Mas quem é que se lembra de rotular a praxe com este nome?
Cheguei à Universidade e logo vieram uns tipos de preto ter comigo perguntando: "O caloiro é de que curso?" Logo depois da minha resposta, pintaram a cara com a sigla do meu curso.
Dias depois, conheci os meus colegas de curso, aos pouco alguns desistiram, outros, infelizes, nem tão pouco arriscaram, mas todos temos o direito à escolha.
Enchi para "caralho" (peço desculpa pelo termo), gritei bem alto as famosas caralhadas do português, tive uma formação em ambiguidade da língua portuguesa, andei a "chafurdar" na lama, conheci grandes amigos, os meus doutores foram tipos excelentes com quem também aprendi muitas lições de vida: o conceito de amizade, união, solidariedade...Tudo o que passei, guardo bem cá dentro, são peripécias que, um dia, todos os praxados relembrarão, que todos os "humilhados" contarão aos herdeiros do seu legado.
Por tudo isto, eu não percebo o porquê de intitular a praxe como humilhação! Se me perguntassem se eu faria tudo de novo, eu não hesitaria em dizer "SIM!"
Confesso, ainda, com todo o orgulho que, nos momentos antes de passar em frente ao reitor, chorei! É verdade, aqueles momentos espectaculares tinham ali o seu fim! Agora, pouco me falta para praxar, desculpem, para "humilhar".
Algo que também não me posso esquecer: Um grande obrigado a todos os meus doutores, foram pessoas do "caralho"!
Espero conseguir praxar de forma a que sintam orgulho e honra por aquilo que vou fazer!
A praxe não é um "bicho", a praxe é uma integração, são os melhores tempos da universidade, é a compilação de histórias que todos irão recordar, é o orgulho de envergar um traje!
A praxe não mata, faz-te crescer!
Um Abraço,
António Campos Soares