sábado, 3 de julho de 2010

Cíclico?

O Barroco é estilo profundamente definido pelo horror do vazio e simplicidade, no entanto, hoje vou pegar noutro aspecto do Barroco!
Vamos analisar a sociedade, o público, em geral, relativamente ao meio artístico. Considero que o número de alnalfabeto (ou analfabrutos também, digo eu e outros também, com toda a certeza) culturais tem aumentado fulminantemente.
Este público fica-se por aquilo que é demasiado fácil (se apenas fosse fácil, considero que o mal seria bem menor), por aquilo que não faz pensar, pelo fútil, pelo inútil, pela standardização de ideias, sem que se levante uma única questão do sentido das coisas. Aceita-se e dão-se por satisfeitos!
Revolto-me quando vejo projectos geniais esquecidos ou obrigados a fugir desta terra tenebrosa, onde reina a ignorância e os carneiros seguem as directrizes daquilo que todos fazem, daquilo que não é apontado como "não tem jeito nenhum", deixando o gosto, o prazer, o deleitamento no esquecimento! Dói-me trabalhar e ver que o prazer apenas é aproveitado por poucos, pois, os muitos não querem ter o trabalho de pensar e descobrir, preferem barrar sempre a mesma manteiga, da mesma maneira, no pão, em vez de experimentar provar o pão com outras coisas!
Preferem pagar balúrdios por um jogo de futebol do que andar 10 minutos a pé e ver um concerto ou um teatro gratuitamente, ou dar 2,5€ por um espectáculo culto.
Preferem ver pernas a abanar em cima de um palco de miúdas que desgraçadamente as exibem, em trajes menores horríveis, por vezes em gélidas noites de Inverno, do que algo realmente tradicional. Continuam a fazer da mulher um objecto e babam-se os ignorantes que quanto mais perto se puderem chegar do palco melhor.
Revolta-me esta profunda ignorância que marca este país, que não sabe ou não quer andar para a frente, abrindo novos horizontes e prefere continuar a viver nas profundezas do passado e deviam vir por aí alguns salazares e arrumar com este malta nova que anda para aí com ideias malucas!
Que propôr para tudo isto?
Bem, teremos que arranjar uma maneira para aplicar três importantes conceitos do Barroco, cuja sociedade também era analfabeta (por não saber ler e escrever, mas aberta para receber as novas artes): docere, delectare et movere!
Precisamos de investidas fortes que permaneçam!
Artistas e aspirantes a artistas, amantes e apreciadores das artes, mecenas de todo o lado, que vos parece a ideia de uma alfabetiação cultural, ao nosso bom gosto?
Bem hajam,


António Campos Campos

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