A tormenta entre a razão e as matérias que envolvem a
emoção é tudo o que resta de um ser que hoje não é mais do que um sopro
errante. Desde sempre este dilema, que já foi e é comum a muitos outros como
eu, me tem vindo a forjar estigmas.
Já não sei se existo mais para a vida para a qual acordo
todos os dias ou para os sonhos que anseio a cada momento que tento adormecer. A
vida é para mim cada vez mais diluída, mais imperceptível, mais fosca, como um
livro escrito à mão cuja tinta se vai diluindo debaixo de uma chuva torrencial
que as minhas lágrimas vão acentuando porque são elas a razão de toda esta
precipitação absurda sobre este meu mundo de amorfia, paralisação e
desassossego.
Já os sonhos, a cada noite que adormeço, apresentam-se
mais nítidos e reais. São perceptíveis os sons, os rostos começam a deixar-me
conhecê-los e os habitantes desses sonhos, talvez um mundo paralelo que sempre
quis conhecer, deixam agora que me aproxime e que lhes possa tocar, como prova
da sua real existência.
Talvez por passar demasiado tempo acordado, assimilei
esta circunstância à qual chamam vida a um mundo real e talvez seja demasiado
tarde para mudar as coisas e aquela voz que me acordou e que tento recordar
todas as noites tarda em chegar. No entanto, a minha esperança em ouvi-la de
novo continua.
Brevemente será hora de adormecer e sonhar, vivendo
tranquilamente.
Sem comentários:
Enviar um comentário