Não olhes para mim
assim, não outra vez, por favor - digo-te eu em silêncio porque
não consigo fazer com que as palavras me saiam e não estou seguro
se entenderás este meu constrangedor silêncio. Sabes que há
nisso uma extrema crueldade? Sabes que a minha resistência, não é,
de facto, uma resistência? Sabes que não é uma aceitação, mas
sim uma dor difícil de se suportar? Não o faças, por favor, se
ficarei só novamente, não terei força para esse confronto. Sabes
que levas a melhor das vantagens sempre que o fazes e matas-me, matas-me de cada vez que isso acontece porque não está na minha
natureza contrariar-te, nem repudiar-te, nem esquecer-te, nem desejar
vingança. Ainda que na minha vontade, bem na sua essência eu possa
contrariar-te e, no mais recôndito secretismo, ter-te, não ouso
deixar-te sabê-lo, ou incorreria no meu penitenciário fim.
Fazes surgir em mim
instintos fortes e de enorme adrenalina que não consigo revelar
porque esse teu olhar me petrifica. E aceito-me, assim, em condição
de serventia, sendo o lacaio enamorado pela senhora que me prende,
talvez sem saber, talvez tirando prazer desse arrebatamento que
provocas em mim porque há diferentes fontes de prazer: uns por
desejar, outros por infligir, outros por reconfigurar e aproveitar.
Talvez tu mesma sejas vítima de uma condição e essa condição
criou em mim uma outra condição inferior, uma ligação feita por
um elo extremamente defeituoso que, ainda assim, se aguenta. E tu
sabes, assim morrerei, sem ti, mas contigo por perto.
Elle s'appellait Belle,
la plus Belle Fantasie que je pouvais croie.
Elle s'appellait Belle,
la plus Belle Mort que je pouvais attendre.
Elle s'appellait Belle,
la plus Belle Vie que j'ai eu.
Elle s'appellait Belle,
la plus Belle mort qu'un Misérable pouvait avoir.
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