Estou exausto, sem ter
mais nada para oferecer, sem ter mais nada para brilhar, mais ninguém
para me aquecer. Toda a minha vida fui como uma caixa de fósforos
nas mãos de diferentes "alguéns" e, enquanto havia mais
algum fósforo para incendiar, eu fui feliz, eu aqueci,eu criei luz,
eu deixei memórias ou, na maioria da vezes, fui apenas
ocasionalmente útil, como alguém que é prostituído sem saber o que
realmente lhe estará a acontecer. A princípio tudo era fulminantemente belo e radiante, aquela áurea inicial era o um fascínio nunca me apercebi da sua efemeridade de tão cego que o
clarão me deixava... Aos poucos fui-me apercebendo que, a a cada
fósforo que esses "alguéns" acendiam, a minha insanidade
começava a alastrar-se como um cavalo num galope furtivo. Houve dias em que não
distinguia a realidade e as miragens, ficava perdido sem ter para
onde ir, cada vez mais mentalmente instável e enfermidades me foram
acometendo o interior. Este é o meu último momento de sanidade,
antes de se queimar o último fósforo e este sou eu que o quero
acender e, assim que o fizer, será disparada a bala destinada para o
meu fuzilamento.
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