domingo, 6 de janeiro de 2013

Músicas para Escrever XXXIX, Epigram - The Spectator (Interlude 2)


Já imaginaste a escuridão que se vincularia à noite se, a cada oportunidade de brilhar, cada estrela se desertasse da constelação que integra em busca de um brilho a solo num "sabe-se lá onde", que ninguém conseguiria achar? Ficaríamos sob a monotonia de uma manto unicamente negro onde, talvez, apenas restasse a lua, já que é o único planeta secundário que assegura algum destaque. Mas o que é cada estrela a brilhar individualmente, ainda mais longe, um ponto cintilante ainda mais imperceptível?
A beleza das estrelas deixaria de existir com o colapsar das constelações, esses conjuntos que integram e que todos os que vêem procuram encontrar porque são belos, porque neles há uma geometria natural criadora de harmonia, porque são tão antigos que nos serviram de inspiração e, em torno deles, criámos lendas, demos repouso a personagens únicas.
E da lua? O que seria dela sem o adorno das estrelas e das constelações? Um pobre corpo nu sem qualquer amparo, que não conquistaria outro corpo, nem com essa exibição de nudez. Que comparação teria ela, no restante firmamento, para se vangloriar do seu brilho que, mesmo não sendo mais do que um reflexo, é o que mais se destaca à nossa vista quando a noite nos envolve?
Talvez outro Big Bang não fosse, de todo, uma má ideia. Todos os corpos desfeitos e novos corpos feitos com os restos espartilhados de todos esses corpos desfeitos.




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