
Calou-se o espectro do meu assombro,
Quando o corvo esvoaçou entre as árvores.
Correu para longe a raposa,
Entrei no local sagrado,
Onde tudo repousa.
Anjos prostrados partilham a dor,
Sentem a saudade.
Fecho os olhos,
Quando o sol desaparece,
Alheio-me.
Calco as folhas secas,
Caminho de braços abertos.
As almas descansam,
Onde ninguém as perturba,
Não as invoco,
Deixo que guardem os segredos do passado,
Tão cobiçados.
Sinto a mão terna do meu anjo,
Que me acaricia o rosto,
O meu anjo abraça-me!
É hora de voltar,
Ainda não chegou a minha hora.
António Campos Soares
[foto por António Campos]