quarta-feira, 16 de fevereiro de 2011

Memórias de Café XIII - As pombas voaram

Tudo começou quando, eu tinha 9 anos e o meu avô foi buscar, ao pombal de um tio, um casal de "borrachinhos", o macho era totalmente preto e a fêmea castanha.
Uns meses depois, a fêmea morreu e o meu avô voltou ao meu tio e trouxe outra fêmea, cor de mel.
Nasceu um borrachinho e a fêmea fugiu, no entanto, o macho conseguiu vingar o filho.
Continuamos a arranjar mais pombas, uma dadas, outras iam nascendo, outras iam aparecendo. Sempre quis ter uma pomba branca e castanha e um dia apareceu uma que por ali ficou.
Havia pombas brancas de leque, cinzentas, castanhas, pretas, pombos correio...Eu estava orgulhoso de todos aqueles animais e todos os dias ia ao pombal ver se havia algum casal novo com ovos ou se havia nascido mais algum.
Passava o tempo livre a juntar caruma para levar para lá e a fazer casulos para que as pombas pudessem fazer ninhos.
Depois do meu avô falecer, o resto da passarada foi desaparecendo...mas as pombas ficaram por ali!
Havia dobrado os cuidados com os bichinhos.
Fiquei orgulhoso no dia em que consegui que associassem o assobio à comida!
Entretanto, quando entrei para o seminário, passei a vir a casa somente uma vez a cada duas semanas.
As pombas foram parando de se reproduzir, outras foram desertando, as que ficaram passavam a dormir no telhado...
No espaço de um ano desapareceram todas...fiquei apenas com as fotos e com os bons momentos que passei! Eis a efemeridade das coisas, não das memórias...
Avô, as pombas voaram, quiseram partir, mas triste é quando as circunstâncias não nos deixam restar e somos obrigados a partir...


António Campos Soares

Sem comentários: