sexta-feira, 10 de abril de 2009

Salva-me da demência, acolhendo-me em teus braços...

São 4h da manhã cá em Espanha (menos uma onde desejaria estar). É já a quarta hora que vejo passar no relógio, que me passa ao lado. Frustração por querer fechar os olhos e não adormecer profundamente, como já há muitos dias desejo. Vontade de rapidamente me entregar ao reino de Morfeu e encontrar o meu anjo num dos nossos sonhos, quão difícil suportar a dor de não o conseguir.
O meu estômago arde e consome-se. Há dias que sinto esta sensação…O meu espírito alheia-se a tudo, tirando a vontade de aproveitar os momentos dos sítios onde estou. Porque estou eu a deixar o tempo corroer-me? Porque estou eu a apodrecer, degenerando a minha mente, enquanto, aguardo a demência profunda, sentado num banco de jardim, em plena primavera? Luto contra a insanidade profunda, mas fraquejo. Não caminho, mas arrasto-me na direcção de algumas vozes que vou ouvindo. Trôpego caminhar, irei de novo alcançar as ruas da amargura, o boulevard da minha antiga fiel amiga boémia, que quase me putrificou? Contorço-me com as dores, são tão fortes…Tremo!
Engulo em seco, desejando algo que as minhas mãos não alcançam. Temo revelar toda a verdade: aceitarão tudo isso ou levar-me-ão a praça pública? Hoje já não é o tempo da fogueira, da tortura, da forca ou decapitação…Hoje é o tempo do desprezo, da renegação, do ignorar…Algo pior do que isso? Um ser ignorado, deixa de existir, por mais que fale, se pronuncie, está marcado o seu fim…Ou serei espezinhado pela minha dúvida e por elevar o ser humano a um estatuto superior?
Algo me desvia o olhar, me provoca náuseas, o meu estômago volta a contorcer-se….Queima! Caminhando lentamente, ouço correntes…Olho para trás, são as minhas correntes, correntes que não quero largar, correntes que o tempo torna correntes, mas, na verdade, são grandiosos sentimentos, que vividos no Agora, prevalecem e conduzem a um longo e valioso caminho a um mundo por nós edificado.
Meu anjo, abraça-me, acolhe-me em teus braços, protege-me sempre que puderes, cura-me, liberta-me deste horror que me sufoca, deste tenebroso cubículo que me impede de viver os meus sonhos…Sim, meu anjo, acolhe-me e embala-me em teus braços, onde poderei descansar profundamente e seguro, onde nada me perturba, meu porto seguro…
[*]
António Campos Soares

3 comentários:

s disse...

Também mencionei o 'bom porto', esse porto seguro, num dos meus textos...

tenho a certeza que o teu anjo te ouviu (;


( Já escolheste a capa? :x )

Anónimo disse...

esse teu poço em que te deixas cair constantemente perturba-me...=/



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António Campos Soares disse...

Eu tenho um anjo que me acolhe em seus braços, que me conforta...é nas braços que adormeço ternamente!
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