sábado, 12 de janeiro de 2013

Músicas Para Escrever XLV, God Is an Astronaut - Point Plesant

Não olhes para mim assim, não outra vez, por favor - digo-te eu em silêncio porque não consigo fazer com que as palavras me saiam e não estou seguro se entenderás este meu constrangedor silêncio. Sabes que há nisso uma extrema crueldade? Sabes que a minha resistência, não é, de facto, uma resistência? Sabes que não é uma aceitação, mas sim uma dor difícil de se suportar? Não o faças, por favor, se ficarei só novamente, não terei força para esse confronto. Sabes que levas a melhor das vantagens sempre que o fazes e matas-me, matas-me de cada vez que isso acontece porque não está na minha natureza contrariar-te, nem repudiar-te, nem esquecer-te, nem desejar vingança. Ainda que na minha vontade, bem na sua essência eu possa contrariar-te e, no mais recôndito secretismo, ter-te, não ouso deixar-te sabê-lo, ou incorreria no meu penitenciário fim.
Fazes surgir em mim instintos fortes e de enorme adrenalina  que não consigo revelar porque esse teu olhar me petrifica. E aceito-me, assim, em condição de serventia, sendo o lacaio enamorado pela senhora que me prende, talvez sem saber, talvez tirando prazer desse arrebatamento que provocas em mim porque há diferentes fontes de prazer: uns por desejar, outros por infligir, outros por reconfigurar e aproveitar. Talvez tu mesma sejas vítima de uma condição e essa condição criou em mim uma outra condição inferior, uma ligação feita por um elo extremamente defeituoso que, ainda assim, se aguenta. E tu sabes, assim morrerei, sem ti, mas contigo por perto.

Elle s'appellait Belle, la plus Belle Fantasie que je pouvais croie.
Elle s'appellait Belle, la plus Belle Mort que je pouvais attendre.
Elle s'appellait Belle, la plus Belle Vie que j'ai eu.
Elle s'appellait Belle, la plus Belle mort qu'un Misérable pouvait avoir.




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