sexta-feira, 4 de janeiro de 2013

Músicas para Escrever XXXVIII, Mogwai - Kids Will Be Skeletons


Quando a inspiração e o sonho nos abandonam, desaparece o caminho que temos vindo a descobrir, desaparece a vontade, desaparece a vida lentamente. Cresce a angústia, já não sabemos desfrutar a solidão porque nos esquecemos do seu limite. Tudo o que caminhámos transforma-se numa labirinto de muros altos e enegrecidos e, à nossa frente, um beco sem saída, ao nosso lado, pedra fria, atrás de nós, uma porta que se trancou. Encolhêmo-nos no chão, como um feto que sabe que não nascerá, cada um no seu cubículo, que se vai estreitando. À medida que o tempo passa, há momentos de insanidade e, pela força, tentamos destruir paredes indestrutíveis e manchámo-las com as nossas mãos feridas e ensanguentadas. São paredes que vão crescendo e a luz vai escasseando. Os nossos corpos vão ficando frios e empalidecemos, somos apenas pele e osso com rostos de olheiras salientes, cada vez mais débeis e sem força para nos erguermos. Mitiga-nos uma doença para a qual nunca tivemos tempo de desenvolver imunidade. Somos (e amanhã apenas fomos) crianças e destruíram o nosso futuro quando nos disseram que não valia a pena sonhar, quando nos disseram que a vida é assim, quando nos apontaram um único caminho, quando nos cegarão, quando nos ensinaram o que pensar ou o que falar. E este labirinto de cubículos não é mais do que um enorme cais de gavetões onde repousamos sem descanso.



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