quarta-feira, 16 de janeiro de 2013

Músicas para Escrever L, Mono - The Battle To Heaven


"Car tous les hommes désirent d'être heureux: cela est sans exception. Quelques différens moyens qu'ils y emploient , ils endent tous à ce but. Ce qui fait que l'un va à la guerre, et que l'autre n'y va pas, c'est ce même désir qui est dans tous deux accompagné de différentes vues." 

Blaise Pascal


A vida é como um texto porque a língua – escrita ou não – é também uma forma de acção. Não é que todas as regras que envolvem a língua tenham que ser seguidas escrupulosamente porque, se deténs o conhecimento formal que é fundamental, podes reinventar.
Podes usar reticências ao invés de um ponto final. Podes escrever frases mais longas e fazê-las semelhantes a um sonho que queres prolongar ou a uma divagação que não queres abandonar e continuar... Podes fazer essas mesmas frases curtas! É contigo! Podes adulterar a ortografia, se assim entenderes, porque há palavras que ditas ou escritas de outra maneira, em alguma circunstância, te soam melhor assim, te fazem rir, te perpetuam aquele momento, te relembrar alguma pessoa – infelizmente agora não me estou a lembrar de nenhuma mas isso acontece! Podes jogar com as palavras porque, em determinado momento, uma mesa pode ter sido muito mais que uma mesa onde costumas jantar só e naquele exacto momento não estavas sozinho ou sozinha. Podes florear para criar cenários idílicos que pretendes levar ao mais ínfimo dos pormenores ou criar charadas de quem foste realmente ou de como apenas te representaste nas histórias que escreveste quando não o pudeste ser na realidade. Tudo isto porque, quando conheces bem, dominas ainda melhor. E aprende, aprende a cada dia e com cada palavra.
O importante é não deixar nada em suspenso, pelo menos para ti, que escreves o teu texto. As dúvidas não fazem bem porque são como cruzamentos duvidosos e muito mal sinalizados em que, enquanto decides avançar ou não, podes ser surpreso por alguma infelicidade, por isso, não fiques na dúvida e se, no final daquele parágrafo, deverias ter deixado reticência, ou por fraqueza não quiseste colocar um ponto final, ou se aquele pensamento, esquecido entre outras frases, deveria ter tido destaque e passado a uma intervenção tua, mesmo que sem deixa, certifica-te que isso não te passou em vão.
Não deixes frases inacabadas em que, na posterioridade, alguém perversamente possa alterar o sentido de alguma circunstância que te envolveu ou em que, com a melhor das intenções, te envolveste apesar do anonimato que injustamente te atribuíram no final da história quando alguém gritou vitória e te esqueceu.
Talvez a razão de muito mal-estar que nos mitiga seja mesmo a falta de coerência e sanidade que nos assoma quando deixamos pontas soltas em algo que, ainda não estando o nosso texto acabado, pensamos lá voltar para resolvê-las, no entanto, não o fazemos porque são tantas e nos esquecemos e quando está publicado o nosso texto já é tarde demais. FIM!





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