quinta-feira, 6 de dezembro de 2012

Músicas para Escrever IX, Aesthesys - Time Is An Illusion



Luzes sequenciais que ofuscam, sinais de proibição e obrigação que não quero respeitar porque não tem que ser assim, buracos no asfalto mal emendados, solavancos nas incertas estradas de calçada, iluminação que vai oscilando e essa chuva imensa que torna todas estas visões numa aguarela que expande as suas cores debaixo das gotas grossas que a vão percorrendo até se perderem num chão inundado e solvente.
O ponteiro do velocímetro vai aumentado, enquanto ignoro o ruído do motor e me foco apenas nesta estrada. Tudo me é alheio agora, conduzo como se estivesse dentro de um túnel com uma lenta obturação e cada vez mais veloz até sentir dor de tanto pressionar o acelerador.
De repente é enorme o estrondo que ouço e não sei bem de onde vem porque não tenho tempo de olhar, enquanto sou disparado pelo vidro do carro e voo em voltas constante como uma folha solta que dança com o vento. Voo até o meu corpo ser aconchegado pela água fria desse rio que guiará o meu percurso. De tão poucas que são as minhas forças, não poderei lutar contra a sua corrente, senão aguentar-me à superfície. E de que me vale isso se estas hemorragias internas me dilaceram e, aos poucos me farão sucumbir penosamente com o sabor do sangue na boca?
Expiro todo o ar dos meus pulmões rasgados e deixo-me ir num descender pacífico no meio de um turbilhão. A minha visão torna-se turva até que tudo desaparece e, com o tudo, o meu fôlego também...





Sem comentários: