quinta-feira, 27 de dezembro de 2012

Músicas para Escrever XXX, Isis - Weight


Quando confrontado com abismos tentadores, que encantam como curandeiros com remédios para algumas dores e opressões, agradeço não me ser possível recorrer a eles. Quando confrontado com o cano do revólver arranhando-me o céu da boca, agradeço que a bala não possa ser disparada disparada. Quando confrontado com a corda bem justa ao pescoço, agradeço que ela se rompa se, por algo motivo, acabar por saltar.
Se saltasse, se disparasse, se me pendurasse ficaria a dor e a opressão por se libertarem e o meu cadáver estilhaçado lá no fundo do precipício, o rosto parcialmente desfigurado, o pescoço com um colar tatuado pela esmagadora força da corda, não teriam libertado nada e apenas perderia o albergue de uma espírito melancólico que vagueia entre várias falésias numa incessante busca de respostas.
E volto ao ponto de partida pelo mesmo caminho que percorri para este fim de curso porque todos nascemos para viver e resistir. O caminho de volta é mais mais sinuoso, ainda que a vida esteja salvaguardada por momentos, que podem ser estendidos, no entanto, o âmago não se cura com remédios passageiros ou antibióticos tomados pela metade. Tudo isso, a seu tempo, apenas fortalece os vírus que destroçam o interior, que já é pouco mais do que um mundo num período pós-apocalíptico. 
Não quero morrer gradualmente, perdendo uma víscera de cada vez, vomitando remorsos, tossindo arrependimentos ensanguentados!



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