O palco
estava cheio de músicos e o auditório repleto de gente, que falava, sussurra,
ria mas, de repente, quando as primeiras notas do violino soaram, todos
desapareceram. Apenas ficou no palco aquela silhueta iluminada por um débil fio
de luz, oscilando enquanto acompanhava o movimento do seu arco.
A tela
enorme que limitava o final do palco foi ganhando profundidade e viam-se
montanhas longínquas, das cadeiras agora vazias foram crescendo árvores
ancestrais, o tecto foi-se abrindo dando lugar a um céu limpo e azul, o palco
transformou-se numa clareira e dos instrumentos foram desabrochando flores, de
todas as cores, feitios e belezas...
Eu estava
longe e ao mesmo tempo tão perto, rodeado por todo aquele acontecimento. E
aquela silhueta ia tocando e criando mais paisagens das quais nunca sonhei
fazer parte e eu era parte dessa melodia.
Quando o arco parou, não houve palmas, mas reinou um silêncio profundo de
olhares fixos e perdidos, que procuravam algo mais. Afinal onde estou?
Olho para o
chão, de novo o palco de madeira, é agora a minha deixa.
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