domingo, 2 de dezembro de 2012

Músicas para Escrever VI, Alcest - Souvenirs d'un autre Monde


Quando a insónia decide partilhar o leito comigo sem ser convidada e sem ter a amabilidade de me dirigir uma única palavras, o relógio é a minha melhor e também pior companhia. Relembra-me que a hora de sair da cama está cada vez mais próxima mas também me prega as suas partidas, parecendo arrastar-se, quando me escapa a atenção. Para não mencionar também que a sua maneira de me contar histórias é demasiado monótona e, ainda assim, não consigo adormecer como numa daquelas aulas desprovidas de interesse. Em outros momentos esse objecto que mede o tempo, uma e outra vez, sem se cansar de repetir a mesma tarefa vezes sem conta, brincaria comigo de outra forma, acelerando-se o mais que consegue e haveria algum "tic-tac" sarcástico sobre o meu eterno pensamento"passou tão rápido". É, então, nesses momentos, que são fugazes como estrelas cadentes e em que todos os desejos são pedidos, que desejo ser um fantasma. Isso mesmo, um fantasma. Desejo-o desde que ouvi o "Doctor Casares" descrever esse "acontecimento" no filme "El Espinazo Del Diablo". Sim, queria ser um fantasma ainda que fosse "um instante de dor, talvez", pois, como dor, poderia ser qualquer outro "sentimento suspenso no tempo" que "voltaria a repetir-se uma e outra vez", quem sabe, porque sobre a vontade não há limites. E esse seria eu, sem fazer contas ao tempo.




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