A cidade jaz tranquila sob um manto de
nevoeiro. Afirma-se um silêncio que apenas se delicia perante o cantar de algum
pássaro que não descansa para que a noite não fique desamparada. Eu desfruto
desses momentos, colhendo inspiração. Não estou só, olhando em redor os
contornos de todos esses palcos de lendas, mitos, assombrações ou histórias de
pessoas reais.
Quantos serão os que por aí vagueiam em
busca de alguém que ouça a sua história e alguma justiça se faça? Quanto os que
por aí erram em busca de um lugar? “Quantas casas sem gente e quanta gente sem
casa”? Quantos ouvirão também o cantar desse pássaro e se estarão a deleitar ao
som desse cântico puro que percorre todas as ruas desertas desta cidade
adormecida que, dentro de poucas horas, despertará?
Hoje vou permanecer assim, nesta
sintonia, fazendo da noite uma confidente, do cântico desse amável pássaro a
banda sonora das histórias que vou criando de cada lugar que vai revelando os
seus contornos e das que pessoas que os habita(ra)m. Hoje vou entregar-me a
este encantamento e ao que ele quiser partilhar. Onde quer estejas, junta-te a
mim.
Sem comentários:
Enviar um comentário